Transtornos alimentares têm origem psicológica, mas afetam a saúde como um todo

Segundo uma estimativa da Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 70 milhões de pessoas no mundo sofrem de algum transtorno alimentar (TA), sendo 15 milhões no Brasil. Os casos são mais comuns entre jovens, como aponta uma pesquisa publicada na revista científica Jama Pediatrics. O levantamento mostra que uma em cada cinco pessoas entre 6 e 18 anos tem algum TA. Esses transtornos, de origem psíquica, são caracterizados por comportamentos alimentares anormais, que influenciam a saúde física e mental.

Os transtornos alimentares são complexos e multifatoriais, ou seja, podem ter várias causas, como traumas na infância, por exemplo. De modo geral, no entanto, os TAs têm origem psicológica e estão relacionados à autoimagem. A prevalência dessas condições em adolescentes pode ser explicada pela influência das redes sociais, que provocam comparações da própria aparência com a de outras pessoas na internet. Os principais transtornos alimentares reconhecidos são anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar periódico.

Distorção de imagem

Segundo a Prof. M.a. Giedra Marinho, docente do curso de Psicologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE) — localizado na Imbiribeira, ao lado do Geraldão —, os TAs são marcados pelas chamadas distorções cognitivas. Isto é, padrões de pensamento negativos e repetitivos, que surgem de maneira automática. Nesse caso, esses pensamentos estão ligados “à alimentação, ao corpo e à autoimagem, com uma preocupação excessiva com peso e forma corporal”.

“As principais características são a autoestima altamente dependente da imagem corporal, comportamentos alimentares disfuncionais, distorção da imagem corporal e rigidez cognitiva e perfeccionismo, muito comuns em casos como anorexia nervosa”, Giedra pontua. Assim, a psicóloga diz que são comuns comportamentos como restrição extrema de alimentos, vômitos autoinduzidos, uso de laxantes, jejuns prolongados ou exercícios excessivos. Tudo isso acontece porque o paciente se vê “acima do peso”, mesmo estando com peso adequado, ou mesmo abaixo do ideal.

Impactos na saúde 

A anorexia se caracteriza pelo medo de ganhar peso, levando o paciente a comer muito pouco. Já a bulimia acontece quando o indivíduo come de maneira exagerada, mas depois sente culpa e tenta compensar o excesso com medidas perigosas, como provocar vômitos. A compulsão alimentar, por outro lado, é caracterizada pelo consumo excessivo de alimentos em quantidades exageradas, o que costuma causar culpa e angústia. Enquanto os pacientes com anorexia costumam estar abaixo do peso, quem tem bulimia geralmente tem o peso normal, e que tem compulsão, na maioria das vezes, tem sobrepeso.

As consequências que esses transtornos trazem para a saúde física incluem anemia, desidratação, pressão baixa, tontura, ou mesmo complicações gastrointestinais, fadiga e desequilíbrio de eletrólitos. “Os impactos na saúde mental são profundos e variados, como ansiedade e depressão, isolamento social, baixa autoestima, sentimentos intensos de culpa, vergonha ou fracasso e comprometimento da identidade pessoal”, Giedra destaca. A psicóloga também chama atenção para comportamentos autolesivos e o risco de suicídio, além de prejuízos cognitivos (na memória, ou concentração, por exemplo), pela desnutrição.

Tratamento

Por se tratar de condições multifatoriais, o tratamento dos transtornos alimentares deve envolver diferentes profissionais, como psicólogos, nutricionistas e psiquiatras. No que diz respeito à Psicologia, o tratamento envolve reconstruir a relação do indivíduo com o próprio corpo e com a comida. “A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem mais usada, porque trabalha a reestruturação de pensamentos distorcidos sobre corpo, alimentação e autoestima, além de desenvolver estratégias de enfrentamento. A Terapia Comportamental Dialética (DBT) também é útil em casos com instabilidade emocional e impulsividade”, diz.

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