Síndrome de Asperger: porque o diagnóstico não é mais utilizado

Usado por várias décadas, o diagnóstico de síndrome de Asperger caiu em desuso nos últimos anos, devido a atualizações científicas. Descrita pela primeira vez em 1944, pelo médico austríaco Hans Asperger, a síndrome se caracterizava por dificuldades de interação social e comportamentos repetitivos. Mas, nos últimos anos, avanços na ciência passaram a incluir essa condição no Transtorno do Espectro Autista (TEA), permitindo uma maior inclusão, além de facilitar o diagnóstico e o tratamento.
A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), publicado nos Estados Unidos, em 2013, pela Associação Americana de Psiquiatria, foi o primeiro documento a incluir a síndrome no espectro autista. Mesmo assim, até 2021, a Classificação Internacional de Doenças (CID), da Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda classificava as duas condições de forma separada. No entanto, desde 2022 com a CID-11, a descrição do TEA, que antes era fragmentada, foi organizada e incluiu a antiga síndrome de Asperger no espectro.
Mudança na classificação
A Profª M.a. Giedra Marinho, docente do curso de Psicologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE) — localizado na Imbiribeira, ao lado do Geraldão —, explica que o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento. “As principais características incluem dificuldades na linguagem verbal e não verbal, interesse restrito em determinados temas, comportamentos repetitivos e sensibilidade a estímulos como sons e luzes. Mas é importante ressaltar que cada pessoa com TEA é única, podendo apresentar diferentes graus de intensidade dessas características”, pontua. O que antes era conhecido como síndrome de Asperger se diferenciava do “autismo clássico” por não ter atraso cognitivo global e pela presença da comunicação verbal.
Assim, a síndrome de Asperger costumava ser conhecida como “autismo leve” ou “autismo de alta funcionalidade”, uma ideia que associava o autismo à falta de capacidade. Ao longo dos anos e com os avanços científicos, esse pensamento foi revisto. Hoje, a “síndrome de Asperger” se refere ao nível 1 de suporte do TEA. No CID-11, a condição é descrita como: “Transtorno do espectro autista sem transtorno do desenvolvimento intelectual e sem deficiência da linguagem funcional”.
Tratamento
Essa mudança permitiu que as pessoas que antes eram diagnosticadas com síndrome de Asperger possam reivindicar mais direitos e facilitou o diagnóstico do TEA, o que acaba garantindo um tratamento mais individualizado. Uma dos principais métodos de tratamento para o TEA é a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), segundo Giedra, que é especialista na área. Essa técnica busca realizar mudanças no comportamento do paciente que está no espectro, ajudando-o a desenvolver habilidades sociais e de comunicação. “A ABA ajuda a reduzir comportamentos desafiadores e a fortalecer o aprendizado, tornando a vida da pessoa autista mais funcional e independente”, detalha.