Cerca de 6 milhões de pessoas no Brasil sofrem com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), causada principalmente pelo tabagismo, é uma condição que inflama e deixa mais grossas as vias responsáveis por permitir a entrada e a saída do ar dos pulmões. A doença também destrói as membranas do pulmão, dificultando a oxigenação do sangue. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, cerca de 6 milhões de pessoas sofrem com a condição, sendo 70% não diagnosticados, e 61% fumantes e ex-fumantes que mantiveram o vício por um longo período.
Principais tipos e causas
Uma das principais formas de manifestação da DPOC é o enfisema, condição em que os alvéolos, as pequenas bolsas de ar nos pulmões, são destruídos e aumentam de tamanho. A condição também pode se manifestar por meio da bronquite crônica, que ocorre quando as vias respiratórias ficam inflamadas e produzem muco em excesso.
“A principal causa é a fumaça do cigarro, que leva partículas que se acumulam nos pulmões, provocando irritação e inflamação contínua, o que gera essas lesões e a dificuldade para respirar”, diz o Prof. Dr. André Batista, pneumologista e docente da Faculdade Tiradentes (Fits) — localizada em Goiana. Outros fatores como a genética, os cigarros eletrônicos, a exposição à poluição, poeira e produtos químicos também podem contribuir para o desenvolvimento da DPOC. André acrescenta ainda tuberculose e pneumonia de repetição e asma mal controlada como possíveis causadores da DPOC.
Sintomas
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica apresenta poucos sintomas característicos, mas que se desenvolvem quando o paciente tem entre 40 e 60 anos de idade. Inicialmente, o indivíduo apresenta uma tosse leve que produz escarro claro. Outros sintomas incluem a falta de ar ou dispneia, que piora aos poucos, e chiado no peito, consequências da inflamação das vias respiratórias. Com isso, o ar é forçado a passar por um espaço apertado e não consegue circular normalmente. Também é comum perda de peso e inchaço nos pés e tornozelos.
Segundo André, o primeiro sinal da doença costuma ser cansaço ao fazer esforço, como subir escadas ou caminhar rápido. “Muitas pessoas acreditam que isso é apenas envelhecimento e acabam diminuindo suas atividades sem perceber que é doença”, afirma o professor. Ele alerta também que a condição pode ser confundida com asma, alergias respiratórias, doenças do coração ou até mesmo problemas renais.
Tratamento
O tratamento para a DPOC é contínuo e envolve o uso de medicamentos como broncodilatadores, para abrir as vias aéreas, combinados com corticosteroides inalatórios, conhecidas como “bombinhas”, que reduzem as inflamações. Além das medidas medicamentosas, também é necessária a mudança de alguns hábitos dos pacientes, como parar de fumar e evitar ambientes com fumaça, mofo, poeira ou produtos químicos fortes.
Segundo o professor, fisioterapia respiratória e exercícios físicos, para fortalecer a musculatura, também fazem parte do tratamento, assim como vacinas contra a gripe e pneumonia, a fim de evitar infecções que possam piorar o quadro.
André reforça que, apesar de o tratamento evitar a piora e controlar a doença, a DPOC não tem cura. “O que pode acontecer são crises de piora, chamadas de exacerbações, que são momentos em que o pulmão fica mais inflamado, e o paciente sente piora de forma repentina da falta de ar, tosse e chiado no peito. Geralmente isso é causado por resfriados, gripes, exposição à fumaça ou substâncias que irritam o pulmão”, diz.