Hérnia de disco afeta milhões de brasileiros

A hérnia de disco, uma lesão nos discos intervertebrais da coluna, é um problema mundial de saúde pública, e estima-se que afeta hoje cerca de 5,4 milhões de brasileiros. A condição foi a principal causa de afastamento do trabalho no Brasil em 2023. Dados do Ministério da Previdência Social (MPS) apontam que 51,4 mil trabalhadores tiveram a incapacidade temporária declarada em decorrência do problema.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que aproximadamente 80% da população mundial sofrerá com dores na coluna ao longo da vida. A hérnia discal é uma das principais causas dessas dores intensas, mas especialistas ressaltam que em torno de 90% dos casos podem ser tratados com sucesso sem necessidade de cirurgia, por meio de fisioterapia, reabilitação e manejo adequado da dor.
Como ocorre?
A coluna vertebral é formada por vértebras separadas por discos intervertebrais, estruturas que funcionam como amortecedores naturais. Com o tempo, esses discos se desgastam, o que facilita a formação de hérnias de disco, ou seja, parte deles saem da posição normal e prejudicam o funcionamento da coluna, podendo comprimir nervos e provocar dor, formigamento, perda de força e limitação de movimentos.
Sintomas variam conforme a região afetada
Os sintomas de uma hérnia de disco variam dependendo da localização e do grau de controle dos nervos. Os mais comuns incluem: dor no pescoço irradiando para um braço ou dor lombar irradiando para a perna; dor no meio da coluna, podendo afetar também as costelas; dor no fundo das costas ou ao longo do trajeto do nervo ciático afetando as nádegas, coxas, pernas e calcanhar; sensação de formigamento e/ ou perda de força no braço, mãos, pernas ou pés; alteração no funcionamento da bexiga ou do intestino; piora da dor ao tossir, rir, urinar e evacuar.
Em casos mais graves, podem ocorrer alterações de sensibilidade e dificuldade para realizar atividades cotidianas. Além disso, especialistas alertam que nem toda hérnia provoca dor intensa imediatamente. Em alguns casos, o quadro se instala de forma progressiva, o que pode atrasar o diagnóstico e o início do tratamento. Portanto, em caso de aparecimento de sintomas, deve-se procurar imediatamente um médico para realizar exames.
Fatores de risco
Além da degeneração, desidratação e enfraquecimento do disco com o envelhecimento do corpo, outros fatores podem contribuir para o desenvolvimento da hérnia de disco, como, má postura, fatores genéticos, obesidade ou sobrepeso, sedentarismo, hábito de fumar e traumas ou lesões na coluna. Levantamento incorreto de peso, prática esportiva sem orientação e trabalhar com movimentos repetitivos também aumentam o risco de desenvolver a condição. Embora seja mais comum a partir da vida adulta, o problema também pode atingir jovens, especialmente em contextos de sedentarismo, má postura e sobrecarga física.
Diagnóstico, tratamento e prevenção
O diagnóstico é feito a partir da avaliação clínica e, quando necessário, exames de imagem. O tratamento costuma incluir, na maioria dos casos, repouso relativo, medicamentos para controle da dor, fisioterapia e exercícios específicos para fortalecimento e estabilização da coluna. A cirurgia é indicada apenas em situações específicas, como dor persistente, perda de força significativa ou comprometimento neurológico importante.
Prevenção
Nem sempre é possível prevenir completamente uma hérnia de disco, mas algumas medidas de prevenção podem reduzir o risco de desenvolvê-la. As principais são manter uma boa postura, ergonomia adequada, com cadeiras e mesas propícias, levantando-se brevemente a cada 40-50 minutos, praticar atividade física regularmente, fortalecer a musculatura do tronco, abdômen, costas e pelve. Também é importante levantar objetos pesados de forma segura (ao erguê-los, dobrar os joelhos e manter a coluna reta, evitando torcer o corpo) e não fumar, pois o tabagismo pode danificar os discos da coluna, aumentando o risco de lesões.